sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

OI, TIO - nono capítulo

Ainda com uma cara de sono, Inácio arrumava uma mesa com café da manhã: biscoitos, suco natural, pão, geléia, frutas, leite e café. Quando escuta sons de passos ecoarem do corredor, Rodrigo, entrando no estúdio com um travesseiro, avisa:

- Chegaram.

- Quantos?

- Não vi. Mas aquela guria é bem burra, falou o nome dela na portaria.

Pensativo, Inácio discorda:

- Não. Tem alguma coisa de errado.


***


- Isso aqui não ta com cara de estúdio de TV. Não tem movimento nenhum.

Sophia só olha para Herón, desconfiado, olhando para todos os lados, temendo ser visto. Para aumentar o seu nervosismo, a menina segura a sua mão, entrelaçando os dedos e sentindo o suor gelado que brotava pelos poros. Finalmente ela rompe o silêncio.

- A gente nem chegou ainda. Quer inventar desculpa pra ir embora? Eu deixo, vai.

Ele prefere nem olhar de volta. Se fosse Maria Eduarda que o respondesse daquela maneira, ele certamente já teria revidado com um tapa, ou com o clássico puxão pelo braço e a velha frase no pé do ouvido: “Em casa, a gente conversa”. Mas não, ele não faz nada. Não se sabe mais se ele está tomado pela ansiedade de estar fazendo algo errado, ou simplesmente hipnotizado por Sophia. Mas tudo indica que ele está em transe.

- Bom dia!

- Bom dia, gurizes! Ó, esse é o Herón.

- Bom dia Herón!

Herón só acorda do transe quando sua mão é quase esmagada por Sophia, e apenas responde.

- Bom dia, gente.

Enquanto os astros da gravação entravam no estúdio, a dupla produtora preparava os últimos ajustes. Pouco a pouco, Herón e Sophia foram se acostumando ao lugar. Sentaram na imensa cama de casal que eles não faziam idéia de como havia entrado pela portinhola da sala, e olhavam tudo em volta. Rodrigo traz a mesinha com a refeição, que é bem recebida, e volta para ajustar uma das câmeras com Inácio.

- Que tu acha desse cara?
- Não sei, conversa com ele. Mas depois, quando a guria for pôr a roupa.
- Beleza.

Ao mesmo tempo, Sophia fazia que dava um pão na boca de Herón, mas tirava e lhe dava enfim o primeiro beijo.

- Olha lá...vai, aproveita. Liga a câmera. Isso vai pro making of!
- Tá, tá. Ôôô, Inácio! Onde tu vai?
- Vou ali buscar a roupa no carro, já volto.


***


Maria Eduarda já contara mentalmente até mil umas mil vezes – isto ao atravessar o pátio da universidade esgueirando-se entre carros e árvores. Seu cérebro dividia a atenção entre fazer escapar-se da vista do maior número de seguranças possível e tentar raciocinar na hora do flagrante. Não sabia quem mais podia odiar, se era o pai que traía a honra da família, ou a melhor amiga que despudoradamente não tinha limites pra satisfazer suas fantasias. A ira era tanta que não sentira frio algum naquela manhã fria, mesmo usando uma bermuda jeans que protegia somente a parte superior das alvas coxas.

Quando chegava ao prédio que de longe vira os entrar, se atirou pra trás de uma folhagem grande que enfeitava a entrada do pavimento. Olhando entre os galhos, vira passar a sombra de um rapaz de mais ou menos 25 anos. Ele não caminha muito, pois entra no primeiro carro estacionado, deixando a porta aberta. Quando notou que ele estava distraído, saiu em disparada para as escadas da entrada do lugar. Porém, no meio do caminho, tropeçara e deixara cair seus óculos de grau no chão.

Sem pensar no perigo que corria, Maria Eduarda pára e analisa os óculos, que nenhum arranhão sofreu.


***


Ao mesmo tempo, Inácio ouve um barulho e sai do carro com uma sacola na mão. Ele fica de todas as cores possíveis quando vê uma garota parada aos pés da escadaria. Antes mesmo de poder gritar, ele a assiste como se estivesse congelado. Assim, ela olha pra trás, o vê e sai correndo prédio adentro.

Um comentário:

Frodo disse...

Tá indo bem ,cara!

tô te acompanhando! segue firme aí!


abraço