quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Oi, tio - sétimo capítulo

- Se a Duda te ligar, não atende.
- Ueh, pq?!
- Não sei. Acho que ela desconfiou de alguma coisa. Peguei ela mexendo no meu notebook hoje de manhã.
- :S
- É.
- Ela tah me ligandu agora.
- Não atende!
- Tah, tio.
- Deu com esse negócio de tio também.
- Tah. Tira a camisa?


Herón respira fundo, e sente seu coração bater mais forte. Naquela hora, parecia ter 15 anos, assim como Sophia. “Eu não estou fazendo isso.” Ele tira a camisa. Sophia, a um quilometro de distância, em seu quarto, o assiste pela webcam. Mesmo com um minúsculo pijama, e naquele frio que só as noites de inverno dão, ela começava a ficar com calor, logo que Herón mostrara seu peito nu pela câmera do notebook. Ela escolhera o curto modelito, usado apenas nas noites de verão, especialmente porque também ligara a sua câmera. Agora Herón também achava que subitamente a temperatura do quarto houvesse aumentado, ao ver aquele grande par de seios timidamente cobertos pela blusa do pijama.

- Tiu, precisu t contah 1 koisa.
- Conta, Sophia. Só não me chama de “tio”, me chama de Herón.
- Uiuiui :p
- Rsrs. Vai, conta.
- U filme d amanha.
- Ah, sim. Quero que tu me conte mesmo. Por que a Duda não pode saber de nada?
- Naum. Ela naum pod sonhah q tu vai fazeh.
- Mas por que?!?! Fala de uma vez!
- Tiu, tu ké fazeh filme pornô cmgu?


***

O telefone toca. Toca. E toca. Maria Eduarda tenta outras vezes, mas o telefone apenas toca. Irritada, ela atira o telefone na parede com toda a força, fazendo ele desmontar-se sobre o chão do quarto. O barulho do choque foi tão grande que Herón ouviu de seu quarto, mas nem conseguiu raciocinar direito. Seus olhos estavam arregalados, sua respiração estava ofegante e o coração batia descompassadamente.

Sim, ele fora longe demais. Longe a ponto de se deixar envolver por Sophia. Ele sabia que havia algo de errado quando soube que a conversa dos dois deveria ficar longe dos olhos de Maria Eduarda. Mas como um adolescente cego pela garota de seus sonhos, Herón se deixou levar por sua obsessão pela melhor amiga de sua própria filha única. Como um cão bem-adestrado, fez tudo como Sophia mandou, desde deixar a conversa em sigilo até fazer o inadmissível para um pai de família com princípios, responder o indecente convite ninfeto com apenas uma palavra: SIM.

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