domingo, 1 de agosto de 2010

OI, TIO! - décimo capítulo

Herón estava tão sem iniciativas quanto Rodrigo, que apenas acompanhava boquiaberto a gravação. Aquilo seria para o making of, mas as cenas mereciam dignamente ser inseridas no filme propriamente dito. Sophia não se intimidara nem um pouco com a presença do câmera, nem com o ambiente em que estava, entre refletores, fios e o ar gélido do estúdio. O que ela menos sentia naquela hora era frio, praticamente sobre o corpo de Herón, que nada resistia às suas investidas, mas parecia estar impressionado com a provocante audácia da garota. Enquanto ela fazia percorrer as pequenas mãos sobre seu corpo, ele misturava loucuras em sua cabeça, todos os pensamentos possíveis entre o tesão e a preocupação de estar fazendo algo errado. Pensou em divórcio, no começo de um caso com Sophia, na descoberta da polícia...ele poderia até ser preso! Mas num impulso, como se ele estivesse jogando toda a sua vida aos diabos, fez-se gerar apenas um pensamento na sua cabeça, aquele que pelo menos uma vez na vida você já teve. FODA-SE!

Tudo isso ocorria em frações de segundo, algo que o tempo não podia determinar, um best-seller erótico em slow motion. O relógio parecia ter decidido estacionar para registrar uma cena tão estarrecedora, mas também extremamente natural. Os dois pareciam ter uma intimidade secular, mas o que acontecia na frente do câmera-man era puro instinto. A direção do toque, a pressão do beijo, a intensidade da respiração, tudo se encaixava perfeitamente sobre aquele colchão. Até que...

- PAI!

Ninguém pode explicar qual sensação tomou conta de cada um que estava dentro do estúdio quando Maria Eduarda gritara na porta. Sua expressão era de choque, acompanhada da respiração ofegante pela recente corrida. Inácio vinha correndo atrás, fulo, imaginando qual seria o próximo desastre para que toda a sua idéia fosse por água abaixo.

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