quinta-feira, 11 de junho de 2009

Os Apaixonados

SALGADOS: R$2,30
FRITAS PORCAO PEQ: R$ 5,00
FRITAS PORCAO GRANDE: R$10,00

Nestor nem olhava mais a placa do barzinho. Ia direto na tia e pedia:
- Uma porção grande.
E voltava pra sua mesa, onde estavam os seus amigos.
Comiam as fritas, conversando sobre o carro de um, o findi de outro e a Libertadores.
Depois voltavam pra sala de aula.
Rotina.

Só que esta noite foi diferente.

Do outro lado da praça de alimentação, estavam as gurias do 5° semestre de educação física. E entre elas, Rebecca. Mais arrumada que de costume, bem maquiada, saiu da mesa decidida. "Já volto". As amigas já sabiam de tudo. Elas sempre sabiam de tudo. Por isso, apenas o que se ouviu foi apenas um "boa sorte, amiiiiga" de uma ou duas delas. Quando ela já tinha ido, um ainda falou: "Tadinha da Rebecca".

Os pátios e os corredores da faculdade já não tinham o mesmo movimento de minutos atrás, e a maioria das pessoas já estavam nas salas de aula. Assim, Nestor caminhava sozinho em direção ao banheiro, enquanto seus amigos já haviam ido para a sala de aula.

A passos tétricos e apressados, Rebecca tropeçava no salto do sapato que estava desacostumada a usar. Virou o pé umas duas vezes no meio do caminho, mas não hesitava em parar um instante que seja. Tudo para alcançar o seu objetivo: o banheiro masculino, onde Nestor sempre ia no fim do intervalo. Tremia de nervosismo e suas mãos estavam geladas pelo vento frio que cruzava gelado pelos pátios da universidade.

Passado algum tempo, Nestor saiu no corredor sacudindo as mãos ainda um pouco molhadas do banheiro. Quando saiu em direção ao pátio, sentiu um puxão forte no punho esquerdo. Ao virar, impressiona-se ao ver a mesma garota que ele viu no dia anterior, só que agora muito mais linda, maquiada, uma princesa, e a dois palmos dos seus olhos, com um sorriso confiante e um olhar fulminante, de quem planeja algo com segundas intenções.


Quando foi ensaiar algo para dizer, Nestor foi puxado pela nuca e foi beijado com força por Rebecca. Não soube quanto tempo ficou ali, pois nem notaram o tempo passar. Nenhum assistiu a aula depois do intervalo. Esqueceram da aula, dos amigos, do ônibus que pegariam pra ir pra casa. Tudo passara de uma forma em que não havia mais nada ou ninguém em volta. Não fosse um segurança abordá-los antes dos portões fecharem, certamente seriam esquecidos.


Se despediram apaixonadamente desajeitados, pedindo desculpas ao guarda engravatado. Nestor, incrédulo ainda com o que tinha acontecido, saiu às pressas, numa direção contrária à Rebecca, sob ordens do sentinela. Mas o sorriso no rosto era escancarado e bobo, como os seus sentimentos que não tinha pra quem demonstrar, nas já quase desertas ruas por onde caminhava.

Rebecca ficara pra trás, precisando dar explicações ao guarda. Ao sair do lugar onde estavam, viu uma folha de caderno bastante amassada, e um pouco molhada pela garoa que começava a cair. Juntou-a e desdobrou. Em um lado da folha havia um desenho perfeito, de um profissional, que ela jurava ser dela. Artesanal, feito à caneta, mas adorou. Mas será que era seu? A resposta veio quando notou que havia algo escrito no verso da folha. Um pequeno soneto, notou. Seu coração batia mais forte a cada linha que lia. 7 linhas.

Repentinamente penso em um novo amor para viver
Extremamente singelo, sem segundas intenções, mas gostoso
Beijos, abraços, ou um único e forte abraço pra esquecer
Enfim, nada vulgar ou erótico, apenas carinhoso
Crescente a cada hora que passa, é difícil esquecer
Contando os minutos que passam apenas pra te ver
Ainda sonhando para com o meu amor te entorpecer

Ao final da última palavra, deixou uma lágrima cair e confundir-se com a chuva que começava a ganhar força. Sorriu mais feliz com a decorrência dos fatos do que orgulhosa com a ousada decisão que tomara. Armou a sua sombrinha roxa e foi embora, ainda tendo dificuldades pra andar sobre o salto. Mas agora nada mais importava, pois tinha certeza de que a sua vida a partir de agora seria outra. Completamente diferente.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A Apaixonada

Ao entrar em seu apartamento, Rebecca suspirou. Atirou a mochila em cima da mesa, tirou os tênis e se jogou no sofá, por cima das almofadas. Faltavam apenas alguns dias para 12 de junho e sua ansiedade aumentava. Não queria passar mais um dia dos namorados sozinha, assistindo filme e comendo brigadeiro no seu apartamento. Todas as suas melhores amigas estavam namorando, ou seja, ninguém para sequer dividir o choro. Não bastasse isso, ainda o orgulho a feria por dentro. Nunca precisara chegar em nenhum garoto, pois era bonita, embora a sua popularidade não chegasse aos pés das famosinhas da turma. Mas estava doente por um cara que jamais havia lhe dado bola. O Nestor.

Não era nem o mais bonito, nem o mais popular da faculdade, pois isso não é Sessão da Tarde. Era um carinha na dele, sem chamar muito a atenção, exceto pelos cabelos compridos que caíam até o ombro, "o charme dele", Rebecca dizia. Também era meio desligado. Parecia que dentro da sua mesma jaqueta jeans de todos os dias existia outro mundo, só dele. Era tímido: se apaixonava por umas 3 gurias por dia, mas só conseguia se aproximar de uma por mês. Isso ela sabia, pois uma ex-colega dele no colégio agora estava na mesma turma que ela. Ou seja, já havia sido feito todo o tipo de interrogatório sobre o pobre rapaz.

Parecia criança: quando chegou em casa, só pensava nele, e em mais nada. E então, no mesmo momento que Nestor zapeava na tevê em sua casa, Rebecca ligara a sua no seu apartamento. Morava sozinha, desde quando veio de Vacaria morar na capital por causa da faculdade, há dois anos. Mas jamais havia se sentido tão sozinha. Abraçou forte contra os seios a almofada que estava mais próxima. Assim, como num passe de mágica, assistiu algo na televisão que a deixou emocionada.

O que ela viu?
Aqui está.




Pois é. A projeção de Nestor em sua mente fazia o desejar cada vez mais.
Decidiu tomar uma atitude.
O dia seguinte era decisivo.
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Rebecca estava tão apaixonada por Nestor que já tinha escolhido uma música para o casal que nem existia. Assim, quando se orgulhou da atitude que acabara de projetar, cantarolou baixinho, quase sussurrando, esta música.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Apaixonado

Essa história aconteceu ontem ainda...

Desde que a viu, decidiu que era a mulher da vida dele. Os amigos já estão acostumados, pois toda a semana é a mesma coisa. Mas ele dizia que agora era diferente. Não sabia o porquê, mas que era diferente, ah era. Desligou-se do pote de fritas e a seguiu com os olhos por toda a extensão da praça de alimentação, como se tirasse cada peça de roupa dela com os olhos. Até o fim do intervalo, só falava dela, como toda a vez que via uma guria que o surpreendera. Na sala-de-aula, pegou a última folha do caderno e a desenhou, com a caneta mesmo. Azul. Detalhou-a com a caneta vermelha. “Perfeita”, sussurrou.

Morena de pele clara, com mechas vermelhas no cabelo, que ondulava ao natural até pouco abaixo dos ombros. Jaqueta jeans por cima da baby-look branca, calça jeans azul e all-star cinza xadrez. E uma manta colorida pendurada no pescoço. Linda. Magra, com suas curvas. A mochila com o nome do curso já dava uma pista: educação física. Mas o que lhe encantou mesmo foram os olhos castanho-claro que, acompanhados dos óculos de grau, apoiados em um fino e bem desenhado nariz, davam um destaque diferente, algo que o encantou. Isto sem contar as suas sardas no rosto, que o desconcertara. Sorriso de aparelho, ele notou quando ela riu de alguma coisa que a amiga falava. Amou. Assim, Nestor esculpiu sua amada em seu caderno.

Os amigos ainda duvidam, mas Nestor havia se apaixonado. Parecia criança: quando chegou em casa, só pensava nela, e em mais nada. E, como todo o apaixonado, qualquer coisa que via o fazia lembrar do seu amor, equilibrado em um pedestal. Assim, ligou a tevê. Queria ver um pouco de desenho animado. Mas o que viu, fez aflorar ainda mais o seu amor.

O que ele viu?
Veja você também.




To be continued...
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Para o Love Vitrola, vamos pôr uma música que o Nestor tocou no violão.
Adivinha pra quem era?
Vale a pena assistir até o fim.