domingo, 3 de maio de 2009

Estagiário Lifestyle 2

Vida de estagiário é surreal. São os primeiros contatos com o mercado de trabalho, as primeiras cobranças sérias e a sensação de que se está vivendo na Disney. Quando os primeiros trocados aparecem no bolso, daí vira aquela festa. Mas o melhor de tudo é o conjunto de experiências que se consegue com o tempo. Na verdade, o estágio serve pra isso mesmo: adquirir experiência. No meu caso, adquiri sim uma grande carga de ensinamento no meu único estágio até agora. Estou na Prefeitura de Cachoeirinha a um ano e meio (ou um pouco mais) e aprendi muita coisa legal lá, mas principalmente uma regra: estagiário moscão e retardado não tem vez. Pode até continuar lá, mas sofre graves injúrias, comparadas até à tortura chinesa. Vou contar como eu aprendi isso, em uma breve porém proverbiosa história real.

Numa certa manhã chuvosa, estava eu sentado na frente do meu computador, trabalhando quietinho, como de costume. Tudo corria bem, até que o meu sistema digestivo alertou que chegara a hora da descarga de material inutilizado, ou o enforcamento do Mandela, segundo o mais sábio dos pedreiros. Me levantei e saí caminhando normalmente a caminho do toilette, e foi onde eu cheguei, tranquilaço a ponto de expulsar o inquilino com a maior serenidade do mundo.

Quando estava já vivendo o meu meteórico reinado, repousado sobre o trono de louça, notei que algo estava me incomodando. Era o meu crachá, que estava balançando através da fita de tecido que o mantinha suspenso. Aquelas tradicionais cordas pra crachá. Quando estou ereto, com a fita pendurada pelo pescoço, o crachá alcançava um ponto centímetros acima do meu umbigo. Mas agora, sentado com os cotovelos apoiados na perna, ela se ousava a chegar a uns bons centímetros ABAIXO do meu umbigo, quase encostando em certas partes que não vem ao caso citar agora. Mas fiquei realmente chateado com a situação. e o crachá lá, como se estivesse brincando em um balanço. Assim, cometi o meu primeiro erro na história: tirei o crachá e o deixei em um lugar ao lado da lixeira, à minha frente. Eu podia ter feito de tudo para pará-lo de me atrapalhar, mas eu fiz justamente aquilo.

Feito todo o processo do reinado, faltava apenas puxar a corda da descarga. Porém, sei lá por qual motivo, esqueci. Sim, esqueci. Natural. Mas esqueci de outra coisa também. Adivinhem! Sim, o crachá. Saí sem puxar a descarga e sem levar o crachá. Ele ficara lá!

Como o destino é um sacana, quis ele que a próxima pessoa a adentrar no W.C. fosse a mais sacana da secretaria de Administração, onde trabalho. O Leandro, aquele fdp! Acho que são velhos amigos, de sacanear os outros, o Leandro e o Destino. Então, ao sair do banheiro, Leandro bradava em todos os setores que passava sobre o caso do estagiário porcalhão, que tinha deixado um crioulo enorme boiando no mar Sanitário, e que deixara o crachá como se dissesse "sou eu o pai da criança!". Ainda por cima, empunhava o meu crachá como se fosse um troféu, mostrando a todos a prova do crime. Quando ele chegou em sua sala, que era do lado da minha, apenas disse: "Ó, meu. Esqueceu o teu crachá lá no banheiro." E me entregou, rindo quieto. Apenas agradeci.

Quando tive que sair pra ir em outro setor, na Secretaria da Fazenda (que por sinal fica próxima aos sanitários), ouvia um burburinho estranho a minha volta. Foi quando eu ouvi:

- ESTAGIÁRIO CAGÃÃÃO!!!

Pronto. Deu. As piadas, ditas em alto e bom som, eram daí pra fora. Durante dias, semanas, fui o estagiário porcalhão da Prefeitura. Paciência. Quem mandou ser moscão?

3 comentários:

Lisiane de Assis disse...

Putz... o que dizer depois dessa... bom, como diria o Miranda: Não é sério Sílvia!

Unknown disse...

Ahhh.. então tu é o famoso estagiario cagão da prefeitura, pô como que eu não suspeitei de ti antes. huauahuahauhauhaha...
é verdade, depois de ser "rebaixado" a tal, eu posso afirmar que estágiario sofre mesmo.

Ta tri massa teu blog, sempre que possivel vo passa aqui pra conferir...

Falo brother, um abraço
Guilherme Moraes

Gabriel Rymsza disse...

hahahahaha!
Muito boa!

Parabéns cara, e não esquece mais do crachá.
Abraço